Hoje é o dia da minha despedida. Na verdade não é só hoje, pois todo dia me despeço de alguma coisa, de alguém.
Hoje me despeço dos meus sonhos, das minhas fantasias e dos meus projetos. Despeço-me dos meus preconceitos e dos meus vícios.
Também é hora de se despedir da minha vontade política, da minha vontade de viver e de morrer. Hei de me despedir do que havia de melhor e de pior em mim. Despeço-me da minha mediocridade.
Despedida de mim, de você, você, você e você. De todos eles também. Dela. Delas. De todo mundo. De ninguém.
Hoje é dia da despedida de tudo o que me faz mal e de tudo o que me faz sorrir apaixonadamente. Dia da despedida do que me faz chorar e sofrer e crescer. E amadurecer. E também do que me joga no fundo do poço, mas também me ajuda a sair de lá.
Todo dia vou me despedir. Um dia será para sempre. Hoje também é. Porém, um dia, não irei mais me despedir. Nem serei despedido. Não haverá um velório, uma missa de sétimo dia, de corpo presente, ausente ou evidente. Nem celebrações. Nem lembranças, boas ou más.
Despeço-me do meu bom humor e do meu mal estar, da minha má vontade e das minhas ideias. Dos meu ideais.
Hoje me despeço de quem poderia ter sido, mas nunca fui. E nunca serei. E também me despeço do que sou e do que fui. E do que virei a ser. Hoje é dia da minha despedida!