Noite de sexta-feira, depois de uma semana relativamente cansativa. De volta a um passado tanto tenebroso - apesar de novos e queridos comparsas - estava num barzinho nos arredores do meu antigo escritório, realizando o básico happy hour clássico daquele começo de noite com advogados e estagiários daquela banca. No entanto, esta não foi a mais estranha, bizarra e deliciosa nostalgia da noite...
Eis que homens a caminho da embriaguez - orgulhos à flor da pele - decidem desafiar um dos nobres colegas, recém enamorado, a comparecer a uma festa organizada por um outro querido amigo lá no Pacheco. Foi questão de uma hora para que todos estivéssemos à caminho da Aloha Loca, mesmo que o plano original da noite estivesse bem distante de farras.
Lá chegando, de testa percebi não ser o meu habitat natural. Logo, fiquei absolutamente na minha, sem provocar ou instigar sensações e reações nas donzelas passantes. Dessa forma, algumas horas depois, já cansado e com o pé um tanto machucado, resolvi ir descansar lá pela lateral do palco, distante das aglomerações.
No entanto, do meu ponto de visto, vejo uma luz no meio da multidão - sim, uma luz imaginária, daquelas dos clichês hollywoodianos. A mais linda visão da noite! A senhorita linda, morena, vestida de uma maravilhosa blusa riponga amarela com cores ao redor do colo, calça jeans escura, cabelo não tão longo amarrado em rabo de cavalo. O mais bizarro: do meu ângulo de visão, a moça era absolutamente sósia de minha ex-namorada! Isso me chamou a atenção demais, e talvez por isso eu não tenha sido tão discreto em passar tanto tempo observando a belíssima garota... Na minha cabeça, isso se chama "paquera autista" (pois só existe na minha realidade).
O mais bizarro ainda: a dita cidadã aproxima-se, pois um amigo seu, com quem falara logo quando me deparei com sua bela visão, havia vindo para próximo de onde eu estava. Pensei que ela viesse conversar com tal amigo, mas - não mais do que derepentemente - eis que ela se vira para mim, sorri e inicia o seguinte diálogo:
- Oi! Tu tá sozinho?
- Sim, estou...
- Por que tu tá aqui sozinho... parado?
- Ah, eu machuquei meu pé. Acho que torci ali no meio da galera mais cedo...
- Tu beija bem?
- (...) Acho que só há o método empírico para descobrir isso...
Alguns minutinhos depois, terminado o melhor beijo dos últimos meses, ela sorri e diz, "É, você beija muito bem!"
Minha reação: agradeci e usei da sinceridade ao dizer que ela também beijava muito bem. E ela foi embora, enquanto eu ficava paralisado, embasbacado, pasmo... O tal amigo da garota, na melhor reação de combatente da noite, espantou-se e tentou trazer-me de volta à realidade! Não foi possível...
Hoje procuro desesperadamente pela garota linda de blusa amarela da Aloha Loca de Natal. Não sei seu nome, seus costumes ou como encontrá-la. Apenas tento. E fico na dúvida se aquele momento foi uma nostalgia do passado que não deve ser desenterrado ou apenas a evidente constatação de que realmente não estou pronto para esse mundo dos ficares sem compromissos e das paqueras interativas. I just don't know what to do with myself...