11 fevereiro 2008

Cease to resist, giving my goodbye...

Acabado o Carnaval, começa o ano no Brasil. E por isso mesmo estive no fórum estadual esta tarde, na busca de encontrar a boa vontade de um julgador com quem o processo de um cliente meu encontra guarida e aguarda despacho já há um bom tempo.

[em outras palavras, simplesmente poderia ter dito que fui lá exigir que o servidor público cumprisse com sua obrigação e deixasse de morosidade em seu trabalho, mas isso seria um pensamento utópico demais...]

Enquanto aguardava na secretaria da vara, outras pessoas lá transitavam com a mesma esper... digo, finalidade que eu. Entre tais pessoas, chamou-me atenção um casal e sua filha de não mais do que 4 anos de idade. Muito simpática, autista e brincalhona - como toda criança daquela idade merece ser.

O pai já aguardava desde a manhã pela resposta urgente em um mandado de segurança que lhe asseguraria o direito de realizar a etapa de um concurso na quarta-feira, o que lhe estava sendo injustamente vetado. Considerando que já passava das 3:00h da tarde, a impaciência era o único sentimento que lhe vestia.

Então veio uma das técnicas daquele juízo com a liminar em mãos e solicitando destreza do cidadão para que fizesse cópias e entregasse ofícios nos órgãos apropriados a fim de que pudesse participar do concurso. De igual sorte, todos que estavam presentes na secretaria naquele momento puseram-se a advertir o casal para que fossem atrás do oficial de justiça que iria cumprir o mandado em regime de urgência e o acompanhasse, essas coisas todas...

Entre tantos dados e orientações, a menininha que tanto brincava em seus devaneios perguntou:

- Mamãe, o que é liminar?
- Quando você crescer, vai entender, minha filha...

Engraçado: eu fiz 4 anos e meio de Faculdade de Direito, duas pós-graduações, passei por outros dois cursos superiores (um deles, Filosofia), posso dizer que já cresci e que já estou no lado em que a ladeira é só descida... Mas o fato é que até agora eu não entendi o que é uma liminar. Pelo menos não da forma que sempre idealizei. E não só isso: até hoje eu não entendi a maior parte de tudo isso que é a minha realidade cotidiana...

[e por "não entender", compreenda que eu prefiro encarar as coisas assim do que simplesmente declará-las uma grande merda!]