26 fevereiro 2009

Don't you know I'm so tired of it all?

Oi, N.

Feliz Aniversário. A vida passa e a gente acaba deixando de dar valor a essas datas para nós mesmo sem se lembrar do quanto elas nos foram importantes no começo da vida, quando criança. Lembro ainda do seu 1º aninho, quando éramos vizinhos.

Às vezes sinto saudade daqueles tempos, com todos juntos e felizes na medida da vida.

Sei que hoje as coisas estão muito difíceis em muitos aspectos para todos nós, mas renovo as esperanças de que alguma coisa melhore no futuro, ou pelos menos, não piore.

Te amo muito.

* * * * *

Oi, O.

Também sinto saudades demais daqueles tempos. Talvez por um aspecto até egoísta, de não haver responsabilidades e de ter como maior preocupação as notas do colégio.

Com o tempo, realmente passei a não valorizar - talvez até ignorar - datas comemorativas em geral: reveillon, carnaval, natal, aniversários. É uma coisa minha, da formação da minha personalidade. Acho isso muito injusto com os outros, e tento apenas conciliar esse sentimento com a "vida real".

Agradeço pela mensagem. Posso até parecer bruto ou indiferente, mas respeito demais a forma como as pessoas são e fico um pouco mais feliz com os sinceros desejos de tempos melhores que elas me fazem. Até porque realmente vou precisar deles... Não estou nada bem, em todos os aspectos, mas ainda continuo acreditando na perspectiva desses tempos melhores, para todos nós.

O amor, em que pese muitas vezes não ficar evidente, é totalmente recíproco. Eu é que estou me tornando, com todas as pancadas que tenho levado nos últimos dez anos - principalmente na minha vida sentimental, que eu imagino que você não conhece quase nada -, uma pessoa cada vez mais solitária.

Obrigado de verdade! Não só por este e-mail, mas pelos vinte e nove anos que o precederam...

15 fevereiro 2009

If I had another chance tonight, I'd try to tell you the things we had were right...

Domingos são dias emblemáticos para quase todos nós. É para ser um dia de descanso e acaba sendo bem morgado, mesmo. Para os solteiros, então... Morgado se transforma em sinônimo de monótono.

Resolvi ir ao cinema. Em princípio, seria uma sessão tripla, no Del Paseo. Iguatemi não é uma opção válida aos domingos... No final da noite, tendo encontrado alguns amigos entre uma sessão e outra, abortei o terceiro filme e vi apenas "O Curioso Caso de Benjamin Button" e "Operação Valquíria".

Este último, um bom filme. Nada de sensacional ou maravilhoso... Talvez o seu encanto particular tenha sido ofuscado pelo lindo fime visto imediatamente antes, com uma narrativa brilhante que muito me lembrou Forrest Gump, e com uma delicadeza e uma leveza muito próxima a Peanuts - os desenhos da turma do Charlie Brown que tanto me encantavam na infância e, visto com maturidade anos depois, tanto me emocionaram por sua marcante carga psicológica adulta travestida de simples aventuras infantis.

Em particular, marcou-me uma frase dita pela professora de piano: "Benjamin, we're meant to lose the people we love. How else would we know how important they are to us?"

Aquilo foi uma pedrada direta, com alvo certeiro e crueldade premeditada. Daquelas verdades que preferimos não enxergar porque são mais convenientes os eufemismos. No meu caso, em particular, foi uma experiência exponencialmente agravada por um fato recente que se enquadrava com maestria naquela triste circunstância...

Enquanto conversava com uma pessoa querida que está viajando pela Europa, de quem havia lembrado na noite anterior ao ouvir insistentemente "1963", do New Order - daquele clip com a moça viajando, perdendo o juízo e com a mala aumentando o tempo inteiro - lembrei-me de outro clip em que a bagagem da pessoa começa de um tamanho e termina de outro oposto: "Another Chance", do Roger Sanchez:




Adoro House com letras curtinhas, mas que causam um impacto imenso! E com a frase sobre valorizar as pessoas que amamos, em Benjamin Button; a letra de 1963, do New Order, e; o clip de Another Chance, com a mensagem esperançosa (apesar da circunstância odiosa retratada no fim do vídeo...), consigo encontrar contraditórios conforto e nostalgia de coisas boas que precisam ficar relegadas ao passado, por mais difícil que essa tarefa seja...


There's too many ways that you could kill someone,
Like in a love affair when the love has gone...

12 fevereiro 2009

It's hard to believe that I'm all alone...

Que tamanho têm as saudades? Nunca saberia dizer. Não entendo o que elas sejam, pois não são apenas um sentimento. Não seriam jamais um estado de espírito. Com certeza é um fato concreto, muitas vezes irreparável, irremediável e plenamente doloroso.

Muitas línguas sequer têm um sinônimo para saudades. Sei o que sinto, sei como dói e sei como isso me desestrutura e me deixa sem perspectiva. Não acredito piamente que existam males necessários. Não acredito no Leviatã. Muitas vezes sequer acredito em mim...

Tudo era bem mais leve quando essas saudades eram apenas uma passagem bonita de uma letra da Legião Urbana, "Índios"? É momentaneamente mais doloroso quando as saudades são de alguém que faleceu. O tempo nos conforta com a certeza de que não teremos mais a convivência da pessoa querida.

Agora quem nos conforta quando as saudades são de alguém que está logo ali, andando, vivendo e sorrindo? E, mesmo assim, você foi excluído de sua convivência... Nunca me acostumo com isso, mas sei que também devo ter causado saudades em alguém de forma semelhante. Ninguém é perfeito, mas isso jamais poderá ser uma desculpa viável.

Devo mesmo ser acomodado. Acostumo-me fácil com as coisas do meu coração, por mais que não as entenda algumas vezes. Não apenas sentimentos, mas quase nunca tenho uma definição clara do que sinto. Quando tenho, no entanto, é difícil saber que essa clareza necessita ser brutalmente suprimida. Ninguém disse que viver seria fácil, de fato; mas quem é que nos daria escolhas plausíveis?

[I quit!]

07 fevereiro 2009

By the look on his face, he never gave in...

- Hi.
- Hi. Didn't figure you'd show your face around me again. I guess I thought you were... humiliated. You did run away, after all.
- I just needed to see you.
- Yeah?
- I'd like to, um... take you out, or something.
- You're married.
- Not yet, not married. No, I'm not married.
- Look man, I'm telling you right off the bat, I'm high-maintainance, so... I'm not gonna tip-toe around your marriage, or whatever it is you've got goin' there. If you wanna be with me, you're with me.
- Okay.
- Too many guys think I'm a concept, or I complete them, or I'm gonna make them alive. But I'm just a fucked-up girl who's lookin' for my own peace of mind; don't assign me yours.
- I remember that speech really well.
- I had you pegged, didn't I?
- You had the whole human race pegged.
- Hmm. Probably.
- I still thought you were gonna save my life... even after that.
- Ohhh... I know.
- It would be different, if we could just give it another go-round.
- Remember me. Try your best; maybe we can.

[...]

- I really should go! I've gotta catch my ride.
- So go.
- I did. I thought maybe you were a nut... but you were exciting.
- I wish you had stayed.
- I wish I had stayed to. NOW I wish I had stayed. I wish I had done a lot of things. I wish I had... I wish I had stayed. I do.
- Well I came back downstairs and you were gone!
- I walked out, I walked out the door!
- Why?
- I don't know. I felt like I was a scared little kid, I was like... it was above my head, I don't know.
- You were scared?
- Yeah. I thought you knew that about me. I ran back to the bonfire, trying to outrun my humiliation.
- Was it something I said?
- Yeah, you said "so go." With such disdain, you know?
- Oh, I'm sorry.
- It's okay.
(...)
- Joely? What if you stayed this time?
- I walked out the door. There's no memory left.
- Come back and make up a good-bye at least. Let's pretend we had one.
- Bye Joel.
- I love you...
- Meet me in Montauk...

05 fevereiro 2009

I wanna take you higher, higher and higher!

Toda pessoa que gosta de dance music (sim, não gosto de forró ou pagode ou axé, mas gosto de "dance music") - e acaba levando isso um pouco mais a sério - elege os seus remixers favoritos. Nesse universo musical, todo single precisa ser lançado com pelo menos quatro versões diferentes, de variados DJs especialistas nesse ofício peculiar.

Esta manhã ouvia no carro o maxi-single do relançamento de "Higher and Higher", da dupla de produtores alemães Milk & Sugar. Algumas versões tocavam e rápido eram puladas, pois as batidas ou as sonoridades não agradavam. Até que cheguei à versão de David Morales...

[David Morales deve ser, de longe, o meu DJ, o meu remixer favorito! E olha que gosto bastante do fenomenal trabalho de gente como os incríveis Masters at Work, Bob Sinclair, Armand Van Helden, Boris Duglosh, Dimitri from Paris, Todd Terry, Shep Pettibone, entre alguns poucos outros.]

Enquanto passava as faixas, percebia como os DJs reconstruíam a música, a "original mix". Nem sempre isso é legal (aliás, na minha percepção, quase nunca...). David Morales tem o talento de não necessitar reconstruir, mas sim redefinir as músicas que remixa. Isso é muito sutil; é igualmente fantástico!

* * * * *

Eu gostaria muito de ser esse tipo de pessoa, quando a vida exige: que redefine, não reconstrói.