13 março 2006

...I always wanted to be a gangster.

CINEMA:

É certo que O Poderoso Chefão (The Godfather) é eleito como um dos melhores filmes da história. É o número 1 na votação do IMDB (a Bíblia do cinema), e há uma curiosa lenda sobre a virilidade do filme e sua predileção exclusiva pelo público masculino, ao passo em que provoca verdadeira ojeriza às mulheres.

O clássico de Francis Ford Coppola é uma adaptação da obra literária homônima que consagrou Mario Puzo como o grande contador de histórias sobre gangsters de procedência italiana (vulgo "mafiosos") do início da década de 70. O roteiro do filme também ficou a cargo de Puzo. Ninguém melhor do que o próprio autor para adaptar sua obra e evitar maiores dissabores ao público (como semelhante ocorrido, por exemplo, com a hedionda adaptação de "O Senhor dos Anéis" ou quase todo filme baseado em uma história de Michael Crichton).

No entanto, não falo de Puzo, de Coppola ou de O Poderoso Chefão. É interessante como um outro trio fez um sucesso semelhante cerca de vinte anos depois, apesar de não serem tão melhor valorizados.

Os Bons Companheiros (Goodfellas) é um filme de Martin Scorsese baseado numa obra de Nicholas Pileggi que - tal como Mario Puzo - também enveredou seus livros sobre a criminalidade para o cinema. Basta lembrar que os mesmos autor e diretor são responsáveis por Cassino (Casino), outro bom filme que retrata uma faceta diversa da vida bandida.

[talvez seja hora de ambos se engajarem em um novo projeto, e assim recuperar a imagem de Martin Scorsese como o grande diretor que um dia foi...]


Particularmente, Os Bons Companheiros causou-me impacto e possui relevância muito maiores do que ocorreu em relação à cultuada obra resultada da parceria entre Puzo e Coppola. Talvez seja por causa da primeira frase do filme, que diz logo a que se propõe: As far as I can remember, I always wanted to be a gangster.

Diferentemente de seu irmão mais velho, o filme de Scorsese não ganhou o Oscar de melhor filme (não que seja relevante ganhar tal prêmio, sempre tão discutido com relação ao aspecto do mérito de seus ganhadores em detrimento da promoção de interesses comerciais da indústria cinematográfica norte-americana).

Diferentes também são as abordagens de cada obra: O Poderoso Chefão narra a história de Michael, que assume o comando da família Corleone com a "aposentadoria" de seu pai. Mas não se propõe a desenvolver a personalidade do Padrinho como alguém que realmente gosta do que faz. Tanto que o principal "sonho" de Michael Corleone é legalizar os investimentos de sua família e afastá-la da criminalidade.

Os Bons Companheiros, não. O filme inicia e se desenvolve justamente com a abordagem de que ser gangster é o que Henry Hill sempre quis, era o seu sonho de vida e o preço que pagou por realizá-lo.

Ambos mostram o sofrimento de homens: um por desejar abandonar a vida criminosa, o outro por desejar não ter que abandoná-la, custe o que custar.

Além de tudo, Os Bons Companheiros não possui o "histórico negro" em relação ao público feminino que falam haver em relação a O Poderoso Chefão. Não é para menos: por uma dessas irônicas curiosidades, Nicholas Pileggi é casado com Nora Ephron, também escritora, só que de roteiros para filmes eminentemente dedicados às mulheres, entre eles Harry e Sally, Sintonia de Amor e Mensagem Pra Você.

Ainda que Os Bons Companheiros não possua a relevância histórica e o sucesso obtido por O Poderoso Chefão, vale a pena conferi-lo. Uma história muito bem contada e que gera um grande prazer ao ser assistida, com uma performance sensacional de Ray Liotta, Robert De Niro e Joe Pesci. Fica a sugestão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cara, teu blog foi atacado por godzilla:

http://bunnyherolabs.com/dhtml/monster.php?ref=http://gvale.blogspot.com

A.L. disse...

Será que eu tenho problemas?! Amo o(s) poderoso(s) e los compradres e tenho verdadeiro pavor de "Harry e Sally" (que nunca consegui ver até o fim... o nome deles quase rima, tem noção?!). Sem falar que "Sintonia de amor" me dá nos nervos...