02 janeiro 2009

In a room with a window in the corner I found truth...

Definitivamente as aparências enganam e eu sou uma pessoa extremamente anti-social. Não consigo demonstrar compaixão ou qualquer tipo de simpatia pela superficialidade alheia. Pelo menos não mais. Interesso-me por pouca coisa da vida dos outros e acho que não preciso de mais pessoas orbitando a minha egosfera.

Estou - pretty much! - de saco cheio do mundo. Isso não é novidade, pois tenho convivido com esse sentimento ao longo da maior parte desta década. Acho mais confortável retrair-me do que auto-promover atitudes expansivas.

Hoje revi Control e me senti muito próximo do Ian Curtis - exceto pelo fato da amante, da epilepsia e do suicídio. Sinto que minha genialidade é latente, porém não a consigo expressar. Todos nós temos uma genialidade em potência - no mais aristotélico que o pensamento possa alcançar. Acho isso um tremendo desperdício, uma grande falta de oportunidade e - na maior parte das vezes - de força de vontade.

Isolation! - clamo. Coisa impossível principalmente quando se liga o computador e logo se está imerso em muitas formas de contatar o mundo exterior, seja no bairro vizinho ou na Escandinávia. Pior: poder ser contatado quase livremente, mesmo quando indesejado.

Tenho vontade de vistar praias desertas, mesmo que não goste de praias. De ver os mesmos filmes, mesmo sabendo que há outros muito melhores. Tenho vontade de viver a mesma vida de sempre, auto-referencial, fechada, não-comunicativa. É um embate da pessoa que antes de sair da Faculdade de Direito se achava o próprio Tito em meio a uma Iugoslávia pós-Segunda Guerra Mundial. Por uma dessas jocosas coincidências, Tito morreu no mesmo ano em que nasci; e a minha vivência de sua história morreu pouco mais de vinte e um anos depois.

Sinto que perdi a minha identidade - se é que tinha alguma autêntica. Na verdade, este é um processo contínuo, interminável. Uma desconstrução de algo que era frágil e verdadeiramente superficial. Como a Iugoslávia.

É... Eu era a Iugoslávia, e hoje eu nem sei mais o que sou. Muito menos o que vou ser. Quando criança, queria ser astronauta. Ou super-herói. Acho que não lutei o suficiente para tornar o impossível viável.

Um comentário:

C.L. disse...

Ah, querido!
Somos dois no mesmo barco, então!
Tô de saco cheio do mundo e de todos!
Beijos!